terça-feira, 22 de junho de 2010

Até!

Lully, ou Luiz - eu não sei a que altura estou de nossa antiga.. não posso chamar nem de amizade, pois nunca fôramos amigos. Temos 5 ou 6 anos de diferença de idade e isso gera sim um distanciamento, assim como o tenho com pessoas de vários anos a menos que eu. Posso dizer que fomos próximos, pois tínhamos amigos, primos e conhecidos em comum e compartilhávamos o mesmo gosto musical por algumas bandas.

Há dois motivos que me levam a escrever isso tudo: o estranho sentimento de choque ao saber o que aconteceu a ti um dia após teu aniversário e de querer compartilhar isso contigo, seja lá onde estejas agora. Chorei sim e pensei: diabos, por quê?! Acho que já sei a resposta: o fato de não sermos amigos e não trocarmos nem uma palavra há três anos não diminui em nada o fato de que tu sempre foste um cara muito, mas muito foda; alguém que - talvez em outras circunstâncias e andares da vida - seria um amigo muito próximo.

Quero compartilhar aqui contigo (e não em alguma rede social sem privacidade) todos os meus pêsames. Compartilho esse sentimento também com quem continua vivo - especialmente a tua família - que sentirá a falta de tua presença física e talvez apenas física, porque não morrerás facilmente para aqueles que tu encantaste, encantas e encantarás ao ser lembrado em rodas de cerveja e/ou reuniões familiares.

Um abraço e até a próxima vida.

terça-feira, 15 de junho de 2010

apenas cru, confessional, indireto

Há algo no fundo do âmago a me dizer que aconteceu novamente, a enfermidade. Sempre ela que insiste em atingir o estômago e fazê-lo virar um buraco negro faminto – ansiedade às avessas – onde o que era 55 agora são 60 unidades, onde a narcolepsia transfigura-se em noites em branco não dormidas e dias iniciando com um Carlton nos dedos de Carolyn. Sempre ela Aurora - e você também -, a chegar cada vez mais tarde, não mais permitindo que Ícaro Narcisista reflita a própria imagem no sol. Não sei qual é pior: o original afogado ou o megalomaníaco alado – ambos igualmente traídos por águas (mágoas?) vaidosas.

Libra tem muito disso, a indecisão é tanta que a escolha é compulsiva; mas talvez eu esteja errado (ou o zodíaco). Não subestimo minha capacidade de identificar essa sensação; ninguém é tão burro e além disso o coração acelera. A propósito, estou falando de paixão e amor, próprio e alheio. Pronto, falei. A enfermidade, que faz com que um zunido sempre surja naquele canto, e te mova. De cidade em cidade, de lugar em lugar, não importa: ao esqueceres do ruído incômodo-viciante, ele certamente te lembrará que está ali ainda.

Entende-se por cru algo que: se exprime sem rodeios, não foi preparado, nem elaborado e/ou tampouco enfeitado. Aplica-se na culinária, à escrita, às palavras ditas, às cores, à música, ao sexo e ao homem selvagem. Tenho duvidas quanto a essa aplicação nos sentimentos humanos; de forma geral, sentir/senti-lo/sentir-se significa cegar-se para esconder-se do cego. Bastante estúpido, não fosse uma febre inerente à espécie. Como já foi dito: uma enfermidade, uma busca, um amor doentio pela cegueira; o estômago recitando um monólogo, as pernas inquietas e o sorrisinho contido. Referenciar esses escritos é desnecessário – afinal, crueza não foi feita para se explicar.