segunda-feira, 17 de outubro de 2011

sábado, 1 de outubro de 2011

O Pulsar e a Métrica.

Um breve momento de silêncio fez com que ele prestasse atenção no que ocorria em seu corpo. Barulho de articulações, o bruxismo, a respiração e a forma que o ar é espirado, o cérebro – ou o que deduzimos ser o som natural de nossa mente. Como um trompete, o estômago faminto. O som dos ouvidos fadigados formando um dueto de violino e viola clássica e os dedos tamborilando como um tamborim. Não por menos que as narinas se tornem clarinetes e o olhar distante do silêncio regendo com a battuta, furiosa e graciosamente. Poderia fazer parte de um clube do silêncio, uma mini orquestra egoísta. Os compassos se alteram e o ritmo é assimétrico. O corpo se expande como caixa acústica vibrante. No hay banda, silenzio. There is no band.
Essa beleza sonora tem cheiro e cor. Tem textura aveludada, branca, faz lembrar de tempos que não habitávamos corpos e a consciência é flutuante. Eleva a uma não-dimensão ausente, onde o único sentido é o som sinestésico. É a dama da noite interpretando o cisne branco no ápice de seus movimentos, e, num átimo, repousa. Para assim tornar-se uníssono.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Nossa Gramática

Faço disso uma confessa vontade de te querer comigo. Em outras bocas tentei encontrar a tua. Afinal, nem todos os "para sempres" são mentirosos; mesmo separados, continuam para sempre. É um certo frio na barriga que perdura, um medo gostoso que insiste em ficar, mastiga o âmago dilacerado, sentido tua falta. A vida realmente tem viradas estranhas. Repensamos atos, abrimos nossa visão para pontos que nunca foram importantes; se tornam essência, doçura e leveza. Um para sempre que não se perde com o ponto final, passa a ser reticencias, virgulas ou acaba numa conjunção coordenada aditiva...

Tá Bowie




Tudo bem que a ideia inicial do blog era não pessoalizá-lo tanto, mas gostei muito da produção da Graci Gavioli e das fotos por Ani Ludin, ainda mais tiete do Bowie como sou.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Voa, gavião, nas graças da aurora.

É mulher de fibra e vontade de gravitar.
Menina que conquista ao dar o ar da companhia,
e envolve com cheiro doce e acre de graviola.

Vem!
Pinta e borda o rosto com tuas mãos de fada.
Agarra o mundo com tuas garras de gavião.
Faz poesia sem palavras,
faz graça com teu graveto.

Corra!
Corra com tuas tesouras, pincéis e gravuras.
Assim tua sombra iluminará,
tua textura encantará.
Teu prender libertará,
tua queda transformará.

Não é gavião.
Não é graviola.
Não é greve.
Não é grave.
É leve.
Não é Maria,
porém cheia de graça.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Escrevo quando transbordo ao escrever

Sim, musiquei toda a minha vontade. Não que sou melhor escrevendo quando estou triste. A angustia faz parte de mim há tempos. Por que não aproveitar? A letra serve para isso: a escrita embeleza a língua. A letra te permite ser adorado. Você cria o seu mundo por caracteres. Você coloca diante de si um desabafo, um encanto, uma obsessão. Um momento de idealização plena; é simplesmente lindo. Podes andar em círculos, falar sem dizer nada, e mesmo assim, expressar-se. Ou dizer muito, pontuando, indicando, dando nomes. E o melhor das palavras? Eternizar. Se fazer entender. Dramatizar, sintetizar. Descrever a fumaça de um cigarro. Relatar fatos. Inventar uma galáxia com 30 mil anos de humanidade. Transformar as palavras em um espelho sincero. É o que sempre me disse Aurora, mulher rápida e de poucas palavras.