
sexta-feira, 24 de abril de 2009
quem diria que fôramos um.

terça-feira, 7 de abril de 2009
Manipulada

Eis que os olhares encontram-se finalmente. Olhares, palavras e mãos. Mais uma descida degradante - balbuciou ela - envolta por braços e cabelos ao vento. O cheiro é de forte perfume, que a fere. A fera não consegue entender o ar de ofendida, mas consegue fazê-la atender a seu próximo pedido; obediente e submissa, torna a cumprir tarefas. Satisfeito com a conquista, vai embora, deixando-a em seu quarto com a luz da aurora na janela. A moça adormece atordoada, sentindo a invasão enorme depois do acontecido. Poderia afundar em seu colchão por anos - não estava disposta a acordar com tamanha humilhação.
Ao entardecer, outra surpresa: o moço se arrependera; com um novo olhar - de vergonha - beija a moça furiosa e forçosamente - ele não sabia lidar com esse estranho momento de arrependimento amargo. Um tapa, outra discussão, outro momento extasiante. Não fosse o sadismo evidente no rosto barbado e o gosto pela auto-depreciação que transpirava do par de peitos, a cena era deveras torturante. Nunca se vira tamanho afeto antes, o bairro inteiro pode ouvir os delírios e gemidos cortantes. Outro dia termina, e mais uma marca entre as pernas; essa é para a coleção.
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