sexta-feira, 24 de abril de 2009

quem diria que fôramos um.

Depois do dia de hoje pensei que conseguiria vomitar (escrever) tudo o que gostaria. Após uma jornada chuvosa onde passei a maior parte do tempo com o coração a me dar socos, conversas desconcertantes em uma sessão de psicanálise (sexo: impossível fugir disso com Freud), pensamentos execráveis, ver a realidade distorcida, dormir e sonhar com a ex-namorada (passado distante), flambar o cérebro ouvindo música eletrônica, comer pelo menos o dobro do usual e tentar despistar o silêncio do meu apartamento com risadas sobre a vida alheia, cheguei a uma conclusão: minha inspiração está muito longe do que já foi. Maldita! O que fizeste comigo? Sinto-me roubado; devolva minha criatividade, por favor.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Manipulada

Certo lugar em certa cidade. Calor costumeiro, bar vazio. No espelho ela espera uma troca de olhares que não será correspondida. tenta se concentrar no jogo, é somente sua terceira vez em mesa de bilhar. Aquele olhar vai dar uma volta, e ela solta para os amigos que o deseja. O segredo não guardado vira mais um jogo; dessa vez mais envolvente.

Eis que os olhares encontram-se finalmente. Olhares, palavras e mãos. Mais uma descida degradante - balbuciou ela - envolta por braços e cabelos ao vento. O cheiro é de forte perfume, que a fere. A fera não consegue entender o ar de ofendida, mas consegue fazê-la atender a seu próximo pedido; obediente e submissa, torna a cumprir tarefas. Satisfeito com a conquista, vai embora, deixando-a em seu quarto com a luz da aurora na janela. A moça adormece atordoada, sentindo a invasão enorme depois do acontecido. Poderia afundar em seu colchão por anos - não estava disposta a acordar com tamanha humilhação.

Ao entardecer, outra surpresa: o moço se arrependera; com um novo olhar - de vergonha - beija a moça furiosa e forçosamente - ele não sabia lidar com esse estranho momento de arrependimento amargo. Um tapa, outra discussão, outro momento extasiante. Não fosse o sadismo evidente no rosto barbado e o gosto pela auto-depreciação que transpirava do par de peitos, a cena era deveras torturante. Nunca se vira tamanho afeto antes, o bairro inteiro pode ouvir os delírios e gemidos cortantes. Outro dia termina, e mais uma marca entre as pernas; essa é para a coleção.